No dia 20 de agosto, professores eméritos da UFRJ enviaram carta ao MEC para reclamar de alguns fatos que consideram “alarmantes” e que têm ocorrido na nossa universidade. O centro da queixa era que a Reitoria, de acordo com a visão deles, estaria fortalecendo instâncias sindicais (o Comando Local de Greve (CLG)/Sintufrj e a sua Comissão de Ética) para tomada de decisões de competência do reitor e do Conselho Universitário – segundo entendimento desse grupo de docentes.
Ao tomarmos conhecimento dessa carta nos sentimos na obrigação de expor nosso ponto de vista sobre os fatos citados:
1 – Nossa greve é por uma educação de qualidade e, consequentemente, por melhores condições de trabalho nas universidades federais. O movimento completou três meses em consequência da intransigência do governo em negociar de fato as reivindicações dos técnicos-administrativos em educação.
2- Nossa greve começou no dia 29 de maio e o movimento é de evasão do local do trabalho. No processo de organização do movimento, decidimos pela essencialidade de algumas atividades, como as dos hospitais universitários e biotérios. Após essa deliberação, o CLG/Sintufrj criou uma Comissão de Ética, que em momento algum pretendeu substituir as instâncias da universidade. A tarefa da comissão é avaliar as solicitações de excepcionalidades e esclarecer dúvidas que podem ocorrer ao longo da greve. As ações do CLG/Sintufrj, incluindo as da Comissão de Ética, se pautam pela deliberação inicial e pelo entendimento do que pode ou não acarretar prejuízos irreparáveis à universidade e à população.
Realizados esses esclarecimentos, é importante informar que, durante as greves da categoria, os trabalhadores deixam de se submeter às chefias e outras instâncias superiores da instituição para somente acatarem as deliberações da assembleia. A decisão de deflagração de greve é tomada coletivamente e democraticamente em assembleia, portanto, é a assembleia a instância que organiza a rotina dos servidores em greve.
O fato da Reitoria da UFRJ reconhecer a decisão coletiva de greve dos trabalhadores e agir de forma solidária ao movimento, é uma demonstração elogiável de respeito à democracia e pleno exercício da autonomia universitária. Esperamos que o MEC aja na mesma linha democrática, pois seremos contra qualquer ingerência do ministério na UFRJ conforme querem os signatários da carta. Nós, técnicos-administrativos em educação sempre lutamos pelo respeito à autonomia universitária.
Todos nós, estudantes, docentes e técnicos-administrativos em educação (sendo eméritos ou não), somos imprescindíveis para o funcionamento da UFRJ e, sendo assim, exigimos que respeitem a nossa greve e a nossa autonomia. Lutamos muito para conquistar nossa identidade como trabalhadores em educação nas instituições de ensino que, lamentavelmente, ainda vivem sob efeitos das famigeradas reformas universitárias que o regime militar tratou de consolidar. Ainda prevalece a falsa hierarquia entre o valor do trabalho de técnicos e docentes, privilegiando os últimos em detrimento de todos os segmentos da universidade.
Recomendamos fortemente que, ao invés de reclamar para o MEC da nossa greve e da nossa Reitoria, os signatários da carta usassem toda sua influência e prestigio para fazer com que o governo cancele o corte de verba para a Educação pública. Isso sim tem causado prejuízos incalculáveis ao ensino, à pesquisa, à extensão na UFRJ, portanto, à sua reputação de instituição formadora de cidadãos éticos e competentes.
Por fim, contamos com a ação ágil e enérgica do Ministro da Educação para avançar nas negociações com as categorias em greve e para garantir os repasses orçamentários para a UFRJ, para garantir a qualidade das suas atividades.
Comando Local de Greve/Sintufrj